"O restaurante era pequeno, com luzes amareladas e mesas cobertas por um tecido escuro.

Lá fora, o calor de outubro deixava a noite parada, sem vento, e uma lua quase cheia espiava entre as nuvens. Havia algo de encantamento no ar — talvez fosse o Halloween, talvez fosse apenas a maneira como os olhos dele a observavam em silêncio.

 

Ela vestia preto. O tecido do vestido, leve e discreto, tocava sua pele como um segredo. Cada movimento seu era calculado, mas natural, como se o corpo falasse uma língua antiga que só ele compreendia.

Quando ele se inclinou para sussurrar algo ao seu ouvido, ela sentiu um arrepio percorrer-lhe a nuca. Não era apenas o que ele dizia, mas o tom — uma promessa velada, uma lembrança do que ainda viria.

 

No meio da conversa, ela deslizou a mão discretamente pela bolsa e o olhou de modo cúmplice. Ele entendeu o gesto. Ela se levantou, foi ao banheiro e colocou o vibrador dentro dela, ocultado pela calcinha de renda. Quando retornou, ele pegou o celular e sorriu — um sorriso pequeno, quase imperceptível, mas cheio de intenção. Sabia que o prazer dela agora estava em suas mãos.

 

O jantar seguiu, aparentemente comum: taças se tocavam, risadas se misturavam ao som distante de um violão. Mas por baixo da mesa, o universo deles se movia em outro ritmo. Havia uma espécie de vibração invisível entre os corpos, um pulso de expectativa que ela disfarçava com goles lentos de vinho.

 

O gel que ela havia usado antes de sair, com nome provocante — Meltesão —, ainda deixava um rastro de calor em sua pele, como se o corpo guardasse na memória aquela sensação. E agora, ela sentia esse calor crescer, como um segredo prestes a se revelar.

 

Ele falava sobre banalidades — vinho, trabalho, o sabor da sobremesa —, mas seus olhos diziam outra coisa. Havia neles um tipo de domínio sereno, como se ele controlasse não apenas o ambiente, mas também o compasso interno dela. A cada toque casual de suas mãos sobre o celular, a cada pausa prolongada no olhar, o sorriso malicioso, o silêncio entre as frases ganhava corpo, densidade, significado.

 

A noite se alongava. Lá fora, a lua finalmente se mostrava inteira, branca e silenciosa. Quando o garçom trouxe a conta, ela já sabia que aquele jantar não era o fim — era o prelúdio.

Enquanto ele fazia o pagamento, ela encostou a mão na dele, sem pressa. “Vamos?”, perguntou, com a voz baixa e calma, quase um sussurro, uma súplica.

 

No olhar que ele devolveu, havia mais que resposta: havia cumplicidade. Havia o mesmo calor que o nome do gel prometia — mas que agora vivia dentro deles, invisível, ardendo devagar."